Desde cedo as crianças percebem que o mundo é formado por palavras, mas, não entendem o que está escrito. E quando começam a decifrá-las, ficam deslumbradas. Por isso que o grande desafio para as crianças é entender como a palavra se forma, qual o lugar certo de cada letra. Ela vai fazer todas as tentativas possíveis para organizar o conhecimento da escrita. Vai escrever de trás para frente (a famosa escrita espelhada), o que é super normal acontecer até os seis ou sete anos de idade, pois, ela se confunde com o desenho das letras ao escrever o que vê. Vai comer letras, vai escrever com letras grandes ou miúdas, espremidas num canto ou esparramadas pelo papel, intercalando números, letras e desenhos. Todas as alternativas são válidas e na faixa etária de cinco anos não precisam e nem devem ser corrigidas, a menos que a criança pergunte se está certo. O adulto então deve escrever a palavra correta num papel em separado e mostrar à criança.
É importante ressaltar que primeiro a criança diferencia o desenho dos outros caracteres, depois compreende como funciona o sistema alfabético da escrita. O processo leva em geral dois anos a partir da descoberta de que marcas gráficas são feitas para ler. Então, a criança passa a elaborar hipóteses sobre a combinação e a distribuição das letras. Os pequenos aprendizes, no início, constroem uma verdadeira sopa de letras. Misturam tudo, escrevem palavras só com vogais, outras só com consoantes, apaixonam-se por uma letra e fazem questão de usá-la sempre. Costumam utilizar várias letras para escrever o nome de um animal grande, por exemplo BOI, e, utilizam poucas letras para escrever o nome de um animal pequeno, por exemplo FORMIGA.
A curiosidade pela escrita vai se intensificando cada vez mais quando as crianças chegam por volta dos cinco anos. Lógico que esta intensidade varia de acordo com cada criança. Depende do perfil da criança e, principalmente, da sua família. Se os pais são leitores assíduos, é normal que a criança fique mais encantada do que aquela cujo costume da leitura em casa não é frequente. É importante utilizar rótulos das embalagens para um trabalho mais informal no cotidiano familiar. Os melhores presentes para esta idade são lápis coloridos, canetinhas, papel para desenhar, jogos letrados e livros de histórias. É importante criar um ambiente “letrado” para a criança, deixando sempre revistas, jogos e livros ao alcance dos pequeninos.
Na turma do grupo V, o objetivo principal é que a criança descubra que juntando duas letrinhas (uma consoante com uma vogal) ela vai formar um novo som, a sílaba. E, a partir daí o mundo dela se torna cada vez mais cheio de curiosidades pelo fantástico mundo da leitura e da escrita. É importante deixar claro que o grupo V não é uma turma de alfabetização, é ainda uma turma de preparação para a alfabetização.
Aprender a dominar a leitura e a escrita pode deixar a criança tensa em alguns momentos. Os pais devem ser pacientes e deixar o filho à vontade com suas descobertas. Isso significa evitar, principalmente, comparações com irmãos ou colegas. Cada criança tem seu ritmo e deve ser respeitada tanto pela escola quanto pelos familiares.
No que se refere à escola, é preciso oferecer às crianças várias oportunidades enriquecedoras para a criança interagir com a linguagem oral e escrita nas mais diferentes situações de comunicação, mesmo que elas não o façam convencionalmente ainda. E é assim que nós agimos.
Adriana Dalla Bernardina Furtado de Lemos
Diretora Pedagógica da Jeito de Ser Educação Infantil